Às vezes sou o que invento Às vezes sou o que não quero ser Às vezes sou poeira que aparece com o tempo Às vezes sou a pedra onde topas sem querer Ainda estou somente só Ainda ando com meus passos inseguros Ainda me encolho quando sinto dor Ainda choro quando tenho medo do escuro Sou uma bailarina que não dança nem nada Sou uma menina que ainda não cresceu Sou quem passa muitas noites acordada Sou quem acorda quando o sol já se perdeu
“Oh, como encontrará seu caminho? Oh, como encontrará seu caminho?” (Alice’s theme - Danny Elfman) ♫♪♫
Tenho olhos que não são meus Que vivem em mim e no mundo Olhando a vida pelo lado de dentro da janela E vez por outra se afogando no próprio pranto
Tenho ouvidos que não são meus Que vivem em mim e no mundo Que se prendem ao barulho da queda da chuva E se fixam nas batidas de um coração cheio de danos
Tenho uma boca que não é minha Que vive em mim e no mundo Sente o sabor das palavras de um livro velho Reproduzindo o som dos signos em forma de canto
Tenho um coração que não é meu Que vive em mim e no mundo Que bate forte demais por pequenos gestos Que renova suas esperanças a cada sonho
Tenho um eu que não é meu Que vive em mim e no mundo Que passa o dia preso no meu corpo pequeno Que passa a noite viajando pelo mundo
Um mundo que também não me pertence Mas que ainda assim me deixa aqui viver Que me deixa à vontade pra fazer uma visita Que me deixa livre pra partir quando eu bem entender.