Se fosse contar as vezes que fora engolida por seus pensamentos, já poderia se chamar de banquete. Monstros. De dragões a macacos gigantes, de serpentes a trolls. Vindos de terras frias, quentes, ensolaradas e aquelas onde mal se via a luz do dia. Quantos pensamentos para controlar. Se fossem mesmo monstros, o que faria? Tentaria dominá-los ou os deixaria livres? Sempre fora a favor da liberdade dos seres, sempre quis terras boas para que pudesse alimentar e cuidar dos seus próprios sentimentos, mas vez por outra as pestes apareciam. Pensamentos desgovernados, procurando sentimentos para alimentar a besta mortal que se escondia nas cavernas altas da perdição, do desejo e do ser. Monstros inquietos em si. Procurando sentimentos por toda parte. Roubando o afeto de quem passasse despreocupado e mutilando até os mais fortes. Mas o que essa besta queria, afinal? Seria ela assim tão terrível? Por que tanta fome? Quando se saciaria? Quando cessaria? E os guerreiros? Onde estavam? Há muito não se via guerreiros por essas terras. Já não lembravam da força, dos nomes e nem mesmo dos rostos. Mas de que adianta, não é mesmo? Talvez os monstros não sejam monstros. Talvez sejam apenas criaturas que querem um novo abrigo. Seres indefesos que atacam para se proteger. Seres inteligentes, que se fecham para compreender melhor. Quem sabe?
Bem aventurados os que desistiram das terras altas.
Bem aventurados os que evitam suas pestes.
Bem aventurados os poucos que por lá habitam.
Bem aventurados os que desistiram das terras altas.
Bem aventurados os que evitam suas pestes.
Bem aventurados os poucos que por lá habitam.
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