Às vezes sou o que invento Às vezes sou o que não quero ser Às vezes sou poeira que aparece com o tempo Às vezes sou a pedra onde topas sem querer Ainda estou somente só Ainda ando com meus passos inseguros Ainda me encolho quando sinto dor Ainda choro quando tenho medo do escuro Sou uma bailarina que não dança nem nada Sou uma menina que ainda não cresceu Sou quem passa muitas noites acordada Sou quem acorda quando o sol já se perdeu
"Se a obra do acaso acabou na quase linda história de amor. Vou guardar lembranças do que não viveremos. Tão bom enquanto não durou... Tanta perfeição." (Quase linda história de amor - Jay Vaquer)
Estávamos ali. Nós dois. No plural. Um completando o outro. Completando frases e até as orações que não fizemos. Mas estávamos ali. Eu e você. Eu custando a acreditar nos meus olhos e você tentando me mostrar a verdade. Me olhando mais uma vez e dizendo baixinho no meu ouvido: “Não precisa ter medo. Eu estou aqui, então vai ficar tudo bem agora”.
Ancorei a dor
Não por querer
Mas sorri mesmo depois da surra
E me cortei por dentro quando te vi sorrindo
Mostrando seus dentes tão perfeitos
Tão lindos
Me cortei por dentro
Porque você não sorriu pra mim.
Ancorei a saudade
Não por querer
Eu só não tive escolha...
Parei pra ver o mar
Parei pra te ver correndo livre
Me sentei na beira da praia
Me apoiei na bóia, mesmo estando em terra firme
A saudade não precisa de água para matar
Vai afogando aos poucos com lembranças.
Ancorei o amor
Por querer
Mas o amor nunca afunda
Afunda apenas quem ama sozinho
Aos poucos
Lentamente
E então o amor me encarou e me disse baixinho:
"Estou aqui pra te lembrar do que é bom
e pra dizer que nem mesmo eu estou livre da dor da saudade.
Nem mesmo um pouquinho."
"Não, não é o fim. Dure o tempo que você gostar de mim. Entre o 'não' e o 'sim' só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim." (Nunca - A banda mais bonita da cidade)
Te escrevi cartas sim. Te escrevi em olhares, abraços e até nas grosserias que você nunca soube diferenciar se eram de brincadeira ou não. Na maioria das vezes eram brincadeiras. As grosserias de verdade eu guardei para o final, mas você já não estava mais olhando. Passei tanto tempo ensaiando umas frases de efeito pra você que meu espelho acabou quebrando. E assim que ele quebrou, imaginei que pudesse ter sido você. Então não te disse mais nada. Nem as besteiras de antes. Nem os elogios de outro dia. Fiquei com tanto medo de te quebrar que fiquei apenas parada, calada, atordoada demais pra pensar em pedir desculpas. Mas já te pedi desculpas em pensamento. De você não tenho ouvido nem mais uma palavra, nem uma reclamação engraçada, nem mais um segredo, nem mais uma idiotice daquelas que me faziam rir tanto. Não tenho ouvido mais nada. Nem você chorando. O que é bom, já que agora você parece estar feliz. Mas mesmo distante, eu sei que você ainda esconde o choro. Eu sei porque um dia te conheci. Talvez hoje eu já não saiba mais de nada, mas ainda lembro de anteontem. A questão é que decidi escrever, mesmo sem endereçar o destinatário. Escrevi porque minha cabeça já estava cheia de tantos pensamentos - acredite ou não, escrever faz metade deles se calarem. Eu nem disse tudo o que queria, também não sei se saberia. Tem sido tempos tão difíceis pra mim. Tempos tão estranhos quanto eu. Você sabe que eu sempre fui estranha, você só descobriu um lado meu que eu escondia e esqueceu de lembrar que um dia eu já fui esquisita. Me desculpe por isso também. Só quero que saiba que eu não te esqueci, mesmo parecendo que sim. Mas se você me conhecesse mais um pouquinho saberia disso e de muitas outras coisas também. Não vou me prolongar mais. Então fico por aqui. Sentada no sofá assistindo um filme com a saudade de companhia.
"Não importa o que aconteça agora. Eu não vou ter medo." (Videotape - Radiohead)
Se amo, me machuco. Me machuco e canso de amar. Não deixo de amar mesmo estando machucada, mas tomo cuidados para que ninguém pise nas minhas feridas. Cuido sozinha de mim e de alguns outros que por acaso se machucam no caminho. Aprendi a olhar por mim quando ninguém estivesse fazendo o mesmo. Aprendi assim: a base de socos, carinhos, decepções, amor e muito choro também. Não posso baixar a guarda, pois guardo mágoas, dores e amores que já nem amo mais. Amo apenas a lembrança. Acho que mantenho guardado pelo passado, pela história. Talvez não seja saudável, mas tenho continuado assim. Pretendo me mudar. Quero dar umas voltas pelo mundo; quero descobrir tudo o que já sei e não lembro; quero rever o que não vi; e esperar que alguma mudança me ocorra. Se a mudança demorar, vou me sentar num banco de praça e reajustar as idéias que me restam. Vou pensar na vida e esperar a hora certa de ser e estar. E se eu me machucar de novo... Vou tentar me curar enquanto eu ainda tiver força, um caderno, uma caneta e um violão.
"E a conta da saudade quem é que paga? Já que estamos brigados de nada. Já que estamos fincados em dor. Lembra o que valeu a pena." (Reticências - O teatro mágico)
Não foi por querer Nem por vaidade Não foi por tristeza Nem por alegria
Mantive a dúvida Perdi a coragem
No fim das contas o amor saiu caro pra mim E quem veio apenas dizer "Boa noite" Decidiu ficar até o fim da festa Pois não tinha tanta pressa Disse que esperaria mesmo assim
Perdi a calma Mantive o choro
Foi a saudade que me acompanhou Até eu perder a noção do tempo Perdi foi a noção do perigo Perdi foi o meu senso.
"Então... eu não mereço nada mais do que tenho, porque nada do que eu tenho é verdadeiramente meu" (Life for rent - Dido)♪♫♪
Dos dias que passaram, lembro do muito que quero esquecer. Esqueço, às vezes, do que quis lembrar por mais tempo. E fito o nada. Exijo respostas. Crio mais perguntas. Fico bem assim mesmo... Distraída, calada, distante do mundo que sempre quis manter tão perto. Quis mais. Quis de tudo. Quis, principalmente, o que já não podia mais ter. Me julguei dona do que nunca foi realmente meu. E me enfureci, perdi a pose, caí no choro quando vi tudo aquilo me dizendo “adeus”. Um adeus tão triste que não pude fazer nada além de chorar mais e perguntar “por quê?”. Fico bem assim mesmo...
Mora um anjo com o coração de poeta Lá na casa de número trinta Uma casa meio amarela, perto da esquina Naquele quarto com três janelas.
Ele vem de um outro século Mas disso pouca gente sabe E não é nem questão de segredo É que quase ninguém entende isso de verdade
Faz dos dias e noites um recital constante Um monólogo de cada uma de suas faces Uma novela, um conto, um romance
Faz graça das desgraças da vida Não perde a linha Não perde a rima
O poeta...
Guarda em si, dó e sol Suas cores, sabores, suas dores e amores Colhe uma flor dividida em três partes Guarda lá, mi ré e fá numa caixa de duas metades
De quando em vez anda no meio da sociedade Transpassando por bares e esquinas, Por calçadas e avenidas Sempre admirando as luzes da cidade
É aquele que vai além de uma era Que às vezes passa despercebido, nem sempre bem compreendido Que não deixa de ser poeta Que não deixa de ser amigo.
“E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?” (O fabuloso destino de Amélie Poulain)
Do outro lado da rua Do outro lado da tela Uma pintura, um gnomo de jardim Uma janela.
Meu mundo realçado em verde e vermelho Meus pequenos prazeres escondidos entre os grãos Um estranho fantasiado de esqueleto O amor encontrado no outro lado da estação
Um pequeno gesto revela toda a sua grandeza Como os mistérios que se escondem nos detalhes A chuva que cai, derrama toda a sua beleza E revela o amor expresso na troca dos olhares.
"Olhe nos seus olhos uma chama que se apaga, olhe para o vento em seus cabelos amarelos e finja que vê o homem que não está lá" (The man who isn't there - Oren Lavie)♫♪♫
Na falta de um abraço, encontrei reforços nos meus lençóis. Na falta de uma voz, dei ouvidos aos músicos desconhecidos. Na falta de uma idéia, evitei os papéis e o violão. Na falta de um amor, mantive meus sentimentos escondidos.
"Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim. E agora você quer que eu fique assim igual a você. É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?" (Mais do mesmo - Legião Urbana) ♫♪♫
Vinte coisas que você provavelmente não sabe sobre mim:
1. Eu não estou sempre de mau humor; 2. Eu tenho medo de água; 3. Eu não sou tão forte quando aparento ser; 4. Eu não escuto só rock; 5. Eu sou viciada em dar presentes; 6. Eu sou uma pessoa extremamente amorosa; 7. Eu detesto barulho; 8. Eu sempre me culpo por coisas que não fiz; 9. Eu tenho medo das pessoas; 10. Eu não me acho inteligente; 11. Eu acho que ninguém gosta de mim; 12. Eu não quero ter filhos nem bicho de estimação; 13. Eu não gosto de responder nenhum tipo de pergunta; 14. Eu não lembro da minha infância; 15. Eu preciso que as pessoas mostrem que se importam comigo; 16. Eu sou insegura; 17. Eu sinto inveja de pessoas que têm uma amizade muito forte; 18. Eu amo a minha família, mas não consigo dizer isso; 19. Eu queria ter super poderes; 20. Eu não gosto do meu aniversário.
Hoje é meu aniversário e as pessoas esperam que eu esteja animada e feliz, mas a verdade é que não estou. Como sempre, estou tendo dificuldades com muitas questões existenciais e não tenho conseguido fazer nada pra mudar isso. Não consigo ser o meu melhor. Ou melhor, não consigo ser eu. Ainda estou naquela de “tentando me encontrar”. Acho que apenas o meu corpo permanece aqui, minha alma parece estar aproveitando um lugar muito melhor já que resolveu tirar umas férias de mim. Eu preciso me encontrar logo, pois já não aguento mais não ser eu.